A questão está relacionada ao texto abaixo.
- O professor encerra seu número, numa senha para que a mulher se apresse. Amei nosso entretém, monsieur, só
- lamento não poder ........ para o jantar. Você também é sempre bem-vinda, Carminha, nem que seja apenas para
- brincar com a Piaf. Vou ........, diz Anne enxugando as mãos num pano de prato. De repente, dá um suspiro curto e um
- saltito juvenil: um momento, monsieur Hollander. Tira da geladeira um rocambole cheirando a maçã e separa uma
- fatia num prato de sobremesa: o senhor disse que seu pai morou na Alemanha? Entrega-me o pratinho coberto com
- um papel de pão: é uma receita da minha avó alsaciana, ele vai gostar. ........ em direção à sala, onde a Minhoca brinca
- mais uma vez com a Piaf. Henri Beauregard fecha o piano e se refugia num banheiro. Ainda procuro protelar o adeus,
- alisando o piano e tecendo elogios ao seu design art déco, quando escuto o ruído da chave na fechadura e vejo a
- maçaneta girar sozinha. Paralisado defronte da porta por onde entrará meu irmão alemão, repasso na memória as
- ideias mais fantasiosas que fiz dele, desde que soube da sua existência. Recordo quantas vezes sonhei com ele, a cada
- sonho com uma cara diferente, caras que eram transfiguradas pelo aquário do sonho, seres que a luz da manhã
- desvanecia, durante os anos em que ansiei por este encontro. E agora já não quero que a porta se abra, por mim
- aquela maçaneta poderia girar perpetuamente. Prefiro continuar a ver meu irmão em sonhos, com sua cara ainda
- sem acabamento. Penso que vê-lo assim à queima-roupa, com excessiva nitidez, será como ver escancarada numa
- tela de cinema a personagem de um romance que eu vinha adivinhando fio a fio à medida que lia. Se pudesse, eu
- pediria ao meu irmão que me esperasse lá fora, para ser de novo o vulto noturno que apenas entrevi. Mas a porta
- range, a maçaneta desfaz seu giro, e o que tenho diante de mim não pode ser meu irmão alemão. É um homem da
- minha idade, com a pele branca meio escamada, o nariz adunco de Henri e uma calvície precoce. É sinceramente um
- tipo banal, desses que a memória não fixa, que não frequentam os sonhos. Eis meu filho Christian, diz Anne em
- francês, e este cavalheiro aqui, ele é o monsieur Hollander, namorado da Carminha. Christian cumprimenta-nos com
- a cabeça, porque está sobrecarregado de livros, e se escafede escada acima. Anne abre a porta da rua: au revoir. A
- Minhoca me puxa pela manga, e já do lado de fora pergunto de supetão: e o outro, madame? O outro? O seu outro
- filho, madame. Ouço um som de descarga, e mesmo na contraluz percebo como Anne enrubesce: não temos outro
- filho, monsieur Hollander. Fecha a porta, e estou no portão quando ela torna a abri-la: psiu. É para a Piaf, que vinha
- atrás da Minhoca e volta correndo para dentro.
O texto utiliza enunciados em discurso direto sem sinalizá-los ortograficamente, como no trecho abaixo.
Eis meu filho Christian, diz Anne em francês, e este cavalheiro aqui, ele é o monsieur Hollander, namorado da Carminha. Christian cumprimenta-nos com a cabeça, porque está sobrecarregado de livros, e se escafede escada acima. Anne abre a porta da rua: au revoir. A Minhoca me puxa pela manga, e já do lado de fora pergunto de supetão: e o outro, madame? O outro? O seu outro filho, madame. (l. 19-23)
Agora, considere as seguintes afirmações acerca do discurso direto neste trecho.
I. No primeiro período, parte do discurso direto de Anne é dirigida ao narrador, parte é dirigida a seu filho Christian.
II. No período Anne abre a porta da rua: au revoir, o discurso direto é dirigido por Anne ao narrador e à sua namorada, Carminha.
III. No trecho que começa com pergunto de supetão e termina com O seu outro filho, madame, o discurso direto é dirigido pelo narrador a Anne.
Quais afirmações estão corretas?