O jornal Folha de São Paulo, veiculou via televisão o anúncio relatado no texto abaixo. Use-o como referência para responder à questão:
“Enquanto um rosto vai se formando na tela, quadro a quadro, o locutor fala:
– Este homem pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho a seu povo. Em seus primeiros quatro anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capta dobrar. Aumentou o lucro das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de marcos. E reduziu a hiperinflação a 103% ao ano. Este homem adorava música e pintura, e quando jovem imaginava seguir carreira artística.
A câmera se afasta e o locutor continua:
– É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade. Por isso é preciso tomar muito cuidado com a informação e o jornal que você recebe. Folha de São Paulo, o jornal que mais se compra é o que nunca se vende.”
In: DOMINGOS, Carlos. Criação sem pistolão. 2ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003.p. 176. (XXI)
Os verbos comprar e vender utilizados na propaganda do Jornal Folha de São Paulo compõem uma expressão que propicia uma interpretação diferenciada, comprovando o uso semântico alternativo de um deles. Pensando nisso, julgue as premissas a seguir.
I. Observando as relações de sentido constituídas a partir da fala do locutor no início da propaganda verificamos que o verbo vender foi utilizado no sentido de corromper-se, uma vez que falsas prerrogativas foram utilizadas para compor uma verdade irrefutável.
II. Ao alertar o interlocutor para a possibilidade da verdade ser manipulada no início do texto, fica clara a opção do autor da propaganda de utilizar o verbo vender no sentido de convencer o leitor a comprar o referido Jornal.
III. O “paradoxo” efetuado a partir dos verbos vender e comprar caracteriza a intenção do Jornal de afirmar sua idoneidade partindo do princípio de que mais pessoas o adquirem por ele se declarar incorruptível.
Conclui-se, portanto, que: