CORRETO.

No crime de constrangimento ilegal consta, expressamente, mais de um motivo em que o constrangimento é considerado atípico, segundo aponta o art. 146, §3º, do Código Penal, in verbis.

Art. 146 do CP: Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

(...)

§3º. Não se compreendem na disposição deste artigo:

I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;

II - a coação exercida para impedir suicídio.

Inicialmente, vale destacar que a doutrina diverge acerca da natureza jurídica da norma permissiva contida no art. 146, §3º, do Código Penal. Uma primeira corrente alega ser caso de exclusão de tipicidade, porquanto o Código Penal expressamente anuncia que esses fatos 'não se compreendem na disposição', o que leva a concluir que tais fatos não devem ser compreendidos na norma pena incriminadora, sendo atípicos. É a posição dos professores Damásio Evangelista de Jesus e Cezar Roberto Bitencourt. De outro giro, a segunda corrente, sustentada por Nelson Hungria e Júlio Fabbrini Mirabate, exaltam que tal dispositivo é uma causa especial de exclusão de ilicitude (estado de necessidade de terceiro sui generis). Independente da teoria a ser adotada, é certo dizer que quem pratica constrangimento nessas hipóteses não comete o crime descrito no art. 146 do Código Penal.