Questão
2012
FAUEL
Prefeitura Municipal de Campo Mourão (PR)
2024
TrajeNunca-lembramos3160d27d80c
AO Traje

Nunca nos lembramos desse nosso traje cotidiano que é a linguagem. Muitos a usam como trapos mas, se tomassem consciência disso, ligeiro tratariam de melhorar, caprichar, conseguir uma vestimenta mais adequada.

________________ será que somos displicentes com esse instrumento tão nosso, o que mais empregamos, aquele que até crianças e analfabetos manejam a vida inteira?

Talvez nos tenhamos acostumado demais com ele. É demasiadamente nosso como um braço, um olho, e nunca chegamos a nos dar realmente conta de que esse braço é meio curto, o olho meio vesgo, ou míope...

Não falo na linguagem oral, nessa comunicação espontânea que obedece as leis próprias, que vai do menor esforço à coerção social. Falo na linguagem escrita, essa que os analfabetos não manejam, mas que muito doutor esgrime como se não soubesse além da cartilha...

Nem precisamos procurar os mais ignorantes. Abre-se jornal, abre-se revista (de cultura também, sim senhores!) e os monstrinhos nos saltam aos olhos.

Pontuação! Ninguém sabe. Virgulas parecem derramadas pela página por algum duende maluco, que brinca de fazer ambíguas, pensamentos tortos, expressões esmolambadas.

Vermos? “Detei-vos”, “intervido”, “mantesse”, são mimos constantes. Não sujeito que concorde com verbo numa página de fio a pavio. Lá pelas tantas um ouvido deseducado, um escriba relaxado, solta as maiores heresias.

E a ortografia? Acreditem ou não, ainda agora ouço universitários e professores afirmando que “acento, _____________, não existe mais!”

Pobres alunos de tão desanimados ou iludidos mestres: lá vêm as crianças para casa trocando acentos como os bêbados trocam pernas.

Todas essas pessoas: estudantes, professores, jornalistas, intelectuais, morreriam de vergonha se fossem apanhados em público de cuecas ou trapos. Mas, olhe lá, a linguagem escrita de muita gente boa por aí não vai além de uma tanguinha de Adão, e muito mal colocada... deixa à mostra um pedaço de vergonha.

Lya Luft. Matéria do Cotidiano. Porto Alegre, Grafosul/IELRS, 1978.

Assinale as afirmativas relacionadas às palavras do texto e em seguida assinale a alternativa que contém afirmação correta:
A
“Mas que muito doutor esgrime” (4º parágrafo) o elemento coesivo mas introduz uma ideia de oposição.
B
Os vocábulos “vírgulas e ambígua” obedecem à mesma regra de acentuação gráfica.
C
Os substantivos “estudantes e jornalistas” quanto ao gênero se classificam em sobrecomuns.
D
O plural de jornal e doutor no diminutivo é jornaiszinhos e doutoreszinhos.