Questão
2016
Instituto EXCELÊNCIA
Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Barra Bonita (SP)
Na-ha-vagasO-prec114c026a025
Não há vagas

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira.

GULLAR, Ferreira. “Não há vagas”. In: Toda Poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980. 

A expressão “não cabe no poema” é repetida várias vezes ao longo do texto. Ao analisar o poema, sua temática e sua construção percebe-se que:
A
A repetição da expressão mostra que determinados elementos (listados ao longo do texto) não têm espaço na poesia e, por isso, não são tratados nela. 
B
A repetição da expressão mostra que questões sociais devem ser temas discutidos em poemas.
C
A repetição da expressão mostra a necessidade de uma poesia mais refinada, que aborde assuntos sublimes e não questões da vida cotidiana. 
D
Nenhuma das alternativas.