Questão
2012
INSTITUIÇÃO SOLER
Prefeitura Municipal da Estância Hidromineral de Ibirá (SP)
2024
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Leia fragmentos de “Morte e Vida Severina “de João Cabral de Melo Neto abaixo e responda às questões: 
MORTE E VIDA SEVERINA  
(AUTO DE NATAL PERNAMBUCANO) 

PRIMEIRO FRAGMENTO 
O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI 
(...) 
— O meu nome é Severino, como não tenho outro de pia. (...) 
Somos muitos Severinos 
iguais em tudo na vida: 
na mesma cabeça grande 
que a custo é que se equilibra, 
no mesmo ventre crescido 
sobre as mesmas pernas finas, 
e iguais também porque o sangue que usamos tem pouca tinta. 
E se somos Severinos 
iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: 
que é a morte de que se morre 
de velhice antes dos trinta, 
de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia 
(de fraqueza e de doença 
é que a morte severina 
ataca em qualquer idade, 
e até gente não nascida). 
Somos muitos Severinos 
iguais em tudo e na sina: 
a de abrandar estas pedras suando-se muito em cima, 
a de tentar despertar 
terra sempre mais extinta, 
a de querer arrancar 
algum roçado da cinza. 
Mas, para que me conheçam melhor Vossas Senhorias 
e melhor possam seguir 
a história de minha vida, 
passo a ser o Severino 
que em vossa presença emigra. (...) 

SEGUNDO FRAGMENTO 
— Seu José, mestre carpina, que habita este lamaçal, sabes me dizer se o rio 
a esta altura dá vau? 
sabe me dizer se é funda esta água grossa e carnal? 
— Severino, retirante, 
jamais o cruzei a nado; quando a maré está cheia vejo passar muitos barcos, barcaças, alvarengas, 
muitas de grande calado. 
— Seu José, mestre carpina, para cobrir corpo de homem não é preciso muito água: basta que chega ao abdome, basta que tenha fundura igual à de sua fome. 
(...) 
— Severino, retirante, 
o meu amigo é bem moço; sei que a miséria é mar largo, não é como qualquer poço: mas sei que para cruzá-la vale bem qualquer esforço. 
— Seu José, mestre carpina, e quando é fundo o perau? quando a força que morreu nem tem onde se enterrar, por que ao puxão das águas não é melhor se entregar? 
— Severino, retirante, 
o mar de nossa conversa precisa ser combatido, sempre, de qualquer maneira, porque senão ele alaga 
e devasta a terra inteira. 
— Seu José, mestre carpina, e em que nos faz diferença que como frieira se alastre, ou como rio na cheia, 
se acabamos naufragados num braço do mar miséria? 
— Severino, retirante, 
muita diferença faz 
entre lutar com as mãos 
e abandoná-las para trás, porque ao menos esse mar não pode adiantar-se mais. (...) 
— Seu José, mestre carpina, que diferença faria 
se em vez de continuar tomasse a melhor saída: 
a de saltar, numa noite, 
fora da ponte e da vida? 
(...) 

Severino e o mestre Carpina possui visões diferentes a respeito da vida no segundo fragmento. Identifique a alternativa incorreta:
A
O retirante está desesperançado por ver tanta desgraça e acha que é melhor morrer do que viver desse jeito. O mestre Carpina, por outro lado acha que é preciso resistir, enfrentar as dificuldades, se não para superá-las, ao menos para impedir que aumentem. 
B
O retirante acha que é preciso resistir, enfrentar as dificuldades, se não para superá-las, ao menos para impedir que aumentem. O mestre Carpina está desesperançado por ver tanta desgraça e acha que é melhor morrer do que viver desse jeito. 
C
Tanto o retirante como o mestre Carpina acham que é preciso resistirem, enfrentarem as dificuldades, se não para superá-las, ao menos para impedirem que aumentem. 
D
Tanto o retirante como o mestre Carpina estão desesperançados por verem tanta desgraça e acham que é melhor morrerem do que viverem desse jeito.