Fobias
Não sei como se chamaria o medo de não ter o
que ler. Existem as conhecidas claustrofobia (medo de
lugares fechados), agorafobia (medo de espaços
abertos), acrofobia (medo de altura) e as menos
conhecidas ailurofobia (medo de gatos), iatrofobia
(medo de médicos) e até a treiskaidekafobia (medo do
número 13), mas o pânico de estar, por exemplo, num
quarto de hotel, com insônia, sem nada para ler não sei
que nome tem. É uma das minhas neuroses. O vício que
lhe dá origem é a gutembergomania, uma dependência
patológica da palavra impressa. Na falta dela, qualquer
palavra serve. Já saí da cama de hotel no frio da noite e
entrei no banheiro para ver se as torneiras tinham "Frio"
e "Quente" escritos por extenso, para saciar minha sede
de letras. Já ajeitei o travesseiro, ajustei a luz e abri uma
lista telefônica, tentando me convencer que, pelo menos
no número de personagens, seria um razoável substituto
para um romance russo. Já revirei cobertores e lençóis, à
procura de uma etiqueta, qualquer coisa.
[...] Uma vez liguei para a telefonista de madrugada e
pedi uma Amiga.
- Desculpe, cavalheiro, mas o hotel não fornece
companhia feminina...
- Você não entendeu! Eu quero uma revista Amiga,
Capricho, Vida Rotariana, qualquer coisa.
- Infelizmente, não tenho nenhuma revista.
- Não é possível! O que você faz durante a noite?
- Tricô.
Uma esperança!
- Com manual?
- Não.
Danação.
- Você não tem nada para ler? Na bolsa, sei lá.
- Bem... Tem uma carta da mamãe.
- Manda!
Fonte: Luis Fernando Verissimo. Banquete com os deuses . Rio
de Janeiro: Objetiva, 2003. p. 97-8.
Na frase “ ... - Desculpe, cavalheiro, mas o hotel
não fornece companhia feminina...” o uso do travessão
foi empregado corretamente.
Sendo assim, analise as proposições abaixo e assinale a
alternativa INCORRETA quanto ao uso do travessão.