Questão
2017
Instituto EXCELÊNCIA
Prefeitura Municipal de Santa Rosa de Viterbo (SP)
Procurador municipal
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Circuito Fechado 2 – (Ricardo Ramos -1978) 

Dentes, cabelos, um pouco do ouvido esquerdo e da visão. A memória intermediária, não a de muito longe nem a de ontem. Parentes, amigos, por morte, distância, desvio. Livros, de empréstimo, esquecimento e mudança. Mulheres também, como os seus temas. Móveis, imóveis, roupas, terrenos, relógios, paisagens, os bens da infância, do caminho, do entendimento. Flores e frutos, a cada ano, chegando e se despedindo, quem sabe não virão mais, como o jasmim no muro, as romãs encarnadas, os pés de pau. Luzes, do candeeiro ao vaga-lume. Várias vozes, conversando, contando, chamando, e seus ecos, na música, seu registro. Várias vozes, conversando, contando, chamando, e seus ecos, sua música, seu registro. O alfinete das primeiras gravatas e o sentimento delas. A letra das canções que foram importantes. Um par de alpercatas, uns sapatos pretos de verniz, outros marrons de sola dupla. Todas as descobertas, no feitio de crescerem e se reduzirem depois, acomodadas em convívio, costumes, a personagem, o fato, a amiga. As ideias, as atitudes, as posições, com a sua revisada, apagada consciência. O distintivo sem cor nem formato. Qualquer experiência, de profissão, de gosto, de vida, que se nivela incorporada, nunca depois, quando é preciso tomá-la entre os dedos como um fio e atá-la. Os bondes, os trilhos. As caixas d’água, os cata-ventos. Os porta-chapéus, as cantoneiras. Palavras, que foram saindo, riscadas, esquecidas. Vaga praia, procissão, sabor de milho, manhã, o calor passado não adormecia. Um cheiro urbano, depois da chuva no asfalto, com o namoro que arredondava as árvores. Ansiedade, ou timidez, mais antes e após, sons que subiam pela janela entrando muito agudos, ou muito mornos. Sino, apito de trem. Os rostos, as páginas. Lugares, lacunas. Por que não instantes? As sensações, todas as de não guardar. O retrato mudando na parede, no espelho. Desbotando. Os dias, não as noites, são o que mais ficou perdido. 

O que podemos inferir com a leitura desse trecho do texto:

“Dentes, cabelos, um pouco do ouvido esquerdo e da visão.”
A
Podemos inferir que, no texto, representam as partes do corpo humano que vão perdendo sua função e sofrendo alterações com o passar do tempo.
B
Podemos inferir que, no texto, representam que, em seu cotidiano, as pessoas devem ouvir mais e falar menos a fim de estabelecer uma boa comunicação.
C
Podemos inferir que, no texto, representam o mundo do trabalho e da sociedade capitalista que não se preocupa com as individualidades.
D
Nenhuma das alternativas.